terça-feira, 23 de novembro de 2010

AOS TRABALHADORES DE CASTELO DE VIDE




Queridos camaradas

Amanhã será um momento esperado por muitos. Será o dia da vossa luta, (esclareço que sou trabalhador no Estado Espanhol e já tive direito à minha Folga Xeral), um dia em que espero que vós demonstreis vosso descontentamento com o espezinhar contínuo a que haveis sido submetidos nos últimos anos.

Antes de mais, queria explicar-vos como vos designo. Camaradas, não colegas, nem concidadãos. 
Camaradas porque reconheço no vosso desespero, o meu desespero; camaradas porque reconheço na culpabilização que vos tentam impôr, aquela que me tentam impôr a mim; camaradas porque quando procuro trabalho, as respostas que recebo são, invariavelmente, as que vos dão: que não há, que há mas sem direitos (“de precário a empresário”, disseram a uma companheira minha uma vez), que há mas o salário “é este e se queres, porque há muitos mais como tu à procura do mesmo”; camaradas, enfim porque a prenda do meu patrão quando nasceu o meu filho foi dar-me seis meses para encontrar a porta da rua.

Sim, camaradas porque a nossa luta é a mesma, porque o nosso destino, o nosso fado tem sido semelhante e porque aos que vais fazer frente, também eu já fiz e em breve engrossarei as fileiras do nosso Portugal colectivo de trabalhadores injustiçados e sempre, sempre explorados.

Amanhã, camaradas, também será um dia de sacrifício. Os jornais e as televisões certamente já devem ter vos vindo avisar dos danos que a Greve fará à economia, aparecerão doutores, uns científicos certificados que vos dirão que “não vale a pena”, “que não vai mudar nada” e que a vossa luta só “vai atrasar o país”. Pôr-vos-ão números à frente, números incompreensíveis, de muitos dígitos, milhões que nunca sonharam ter nem compreender apesar de haver uns quantos que os têm e que ambicionam ter mais. E tentarão que a culpa se apodere de vós. Mas, por acaso, não sois vós a economia? Por acaso, não sois vós o motor da sociedade? Não é a partir do vosso trabalho que os lambuzados do costume se deleitam? A quem custará mais as perdas da Greve, a vós, trabalhadores de parco salário ou aos accionistas que reivindicam dividendos antecipados para fugir às suas (mínimas) obrigações?

Mas amanhã, também é dia de festa. Como poderia ser de outra forma? A festa de quem luta pela dignidade, a festa da honradez do trabalho, a festa da alegria de lutar, sabendo que apesar da vitória ser um dia distante, estais aí, não vos conseguiram calar. No dia de greve, sereis mestres e não aprendizes; sereis força e não fraqueza; sereis um exemplo de um Povo unido e solidário, ciente de que é possível outro caminho, que é possível que o poder seja exercido por vós, que não mais haja uns pretensos representantes pisando-vos os calos e dizendo que é para vosso bem. Amanhã, camaradas, lutareis por andar de cabeça erguida, para que no futuro sejais donos do vosso destino. A vossa luta é a mais heróica e abnegada de todas, não é uma luta pelo imediato, pelo irrisório ou pelo mesquinho. A vossa luta, camaradas, é uma luta pelo futuro.

E, camaradas, tentai apartar as vossas diferenças, encontrai e fixai quem realmente vos tem sufocado (os patrões, as grandes empresas, aquela classe politica que vos olha de cima, os grupos que controlam as rádios, televisões e jornais e que vos tentam fazer deixar de pensar) , pois tereis tempo mais tarde para resolver as vossas quezílias. E para terminar, camaradas, um grande bem haja a todos os obreiros desta Greve Geral, a todos e todas que bateram fábricas e empresas, que escreveram em blogues, jornais ou outro meio, que conversaram com o bêbado do café e tentaram convencê-lo. A todos que mediante as suas possibilidades e capacidades quiseram contribuir para o esforço de unidade da luta, sejam comunistas, bloquistas, socialistas ou de qualquer linha de pensamento politico (ou mesmo sem o ter), a todos e todas que quiseram emprestar o seu esforço a uma mobilização nacional sem precedentes, a todos e todas que acreditaram e acreditam que é possível um futuro melhor, um grande obrigado.

No dia da Greve Geral, espero sinceramente que vós, Povo, deis uma grande lição ao País.

Viva a Greve Geral! 
Viva Portugal!

R.F.

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta lenga lenga é de facto muito bonito e toca ao sentimento, mas a verdade é que os tais letrados tinham razão. O que é que a greve mudou? NADA. As greves mudam alguma coisa? Talvez, mais não seja receber menos ao final do mês...
Se querem brincar ás contestações, tenha vergonha na cara e deixem-se de manifestãçoes de merda, que só servem para os sindicalistas mostrarem que existem e que tentam fazer alguma coisa por nós. E quando digo nós não é só o português trabalhador de esquerda, o estado a que isto chegou afecta todos, esquerda, centro e direita.
Portanto, quando quiserem mudar alguma coisa, sim fazemos uma greve geral, mas para reunir os milhões de Portugueses que foram e continuam a ser enganados pelo maior VIGARISTA e ALDRABÂO que alguma vez governou Portugal, e de seguida escorraçar aquela cambada de chupistas que vagueiam pelos corredores da Assembleia da República e arrastá-los até à rua.
De seguida podemos dirigirmo-nos até ás grandes empresas públicas e fazer o mesmo aos seus pseudo-gestores.
Portugal tornou-se numa nação de meia dúzia de xicos-espertos e uns tantos milhões de maricas e cobardes.
Isto tem que mudar, mas só a fazer greves não vamos lá.
Temos que ser nós a fazer a limpeza, de CIMA para BAIXO!

Anónimo disse...

A limpeza deve ser feita e já!
Temos de começar a matar os filhos da puta,que estão no poleiro para se servirem em vez de servirem, nas juntas de freguesias, nas câmaras, nas assembleias municipais, nos governos civis, no governo central e na presidência. Quando acabarmos coma raça a estes filhos da puta, Portugal é um país.