terça-feira, 1 de maio de 2012

A PROMOÇÃO DOS FILHOS DA GRANDE PUTA DO PINGO DOCE EXPLICADA AOS OTÁRIOS


Pelos próprios que se estão a rir da ignorância, do rebanho formado pelos que hoje se engalfinharam nas lojas Pingo Doce.

 



Baixa-se de um lado, 

aumenta-se do outro, 

e na volta até pode 

pagar mais caro.

Miguel Almeida

17 comentários:

S.L. disse...

A rede de mercearias que recentemente decidiu mudar a sua sede fiscal para a Holanda teve um dia em cheio.
Numa provocação aos sindicatos que convocaram uma greve, decidiu oferecer cinquenta por cento de desconto aos clientes que fizessem compras de cem euros.
O departamento de marketing do grupo está de parabéns: a maioria das lojas ficou em estado de sítio com a horda de zombies consumistas que esvaziaram prateleiras e lutaram por um pedaço do sonho proporcionado pelo magnânimo Elísio Alexandre Soares dos Santos, um dos pais da pátria. Estão todos bem uns para os outros: a rede de mercearias pode até ter tido prejuízo hoje - a prática de dumping (venda de produtos abaixo do preço de custo) é proibida por lei mas ninguém reclamou; contudo, a publicidade gratuita que está a conseguir irá repercurtir-se por muitos dias. Para além disso, parte do prejuízo será assumido pelos fornecedores - cada campanha dos grandes grupos é sempre em parte financiada por quem coloca lá os seus produtos, numa perversão das leis da concorrência que torna a posição negocial destes grupos demasiado forte.
Mas também os zombies estão de parabéns: os milhares (milhões?) de clientes que hoje gastaram dinheiro em produtos de que não precisavam - é para isso que estes estímulos ao consumo desenfreado servem - não chegarão a perceber que parte daquilo que compraram não era absolutamente necessário e por isso viverão felizes na ignorância dos estúpidos.
Mas os sindicatos que andaram a fazer campanha contra as cadeias de hipermercados que abriram também não ficam bem na fotografia.
A verdade é que os trabalhadores desta rede vão receber a triplicar e terão um dia de férias a mais.
E o "povo", essa entidade que, quando quer, se sabe comportar como uma horda de zombies, esteve literalmente a borrifar-se para a crise e para os direitos dos trabalhadores.
As coisas são como são.

A. disse...

Se existisse uma entidade para a concorrência e funcionasse o Pingo Doce levava uma multa , que pelo seu valor, não voltava a brincar.
A-artigos abaixo do preço de custo.
B-produtos no fim do prazo limite de venda.

J.L.S. disse...

No dia 28 de Maio o desconto vai ser de 100%, em homenagem à instauração do Estado Novo.

Anónimo disse...

Se o Povo Português não fosse sereno o desconto teria sido de 100%
Assim, esperaram 3 e 4 horas na fila e contentaram-se com 50%.
São mesmo mansos!

Anónimo disse...

Sem pingo de vergonha
O 1.º de Maio, que se comemora em todo o Mundo, evoca a luta dos trabalhadores de Chicago e a repressão policial que, nesse dia e seguintes de 1886, provocou dezenas de mortes entre os operários que reclamavam não mais de 8 horas de trabalho por dia.

O patronato não gosta do 1.ºo de Maio, como não gosta de jornadas de trabalho de "apenas" 8 horas. E, como os tempos vão de feição, este ano, à semelhança de 2011, as grandes superfícies, propriedade de alguns dos "Donos de Portugal", romperam o compromisso de fechar nesse dia. Por isso os sindicatos convocaram uma greve dos trabalhadores dessas lojas, em geral precários e miseravelmente pagos.

O Pingo Doce não esteve com meias medidas: para evitar que os seus empregados aderissem à greve, anunciou para ontem (só ontem) uma "promoção" de 50% em compras de mais de 100 euros, usando o desprezível processo de atirar consumidores contra trabalhadores e humilhando estes com um dia de trabalho se possível ainda mais penoso, no meio do caos generalizado, filas, discussões, agressões e incidentes de toda a ordem.

Lá longe, na Holanda, Alexandre Soares dos Santos deve estar a rir-se. Ele sabe bem que, como diz um anúncio do seu Pingo Doce, nas "'promoções', baixa-se o preço de um lado e aumenta-se do outro e (...), quando se fazem as contas, gastou-se mais do que se poupou".
Manuel António Pina
JN

Manuel disse...

Em tempo de crise, de desemprego, de empobrecimento,
quando as almas mais empedernidas clamam por solidariedade,
os gatunos atacam as últimas economias das famílias,
com uma gigantesca e impiedosa operação de dumping.

Quando o pão nosso de cada dia se faz escasso,
quando o alimento de primeira necessidade é ainda mais vital,
quando a procura é para a sobrevivência,
...
a oferta faz-se quando o Pingo Doce quiser,
nas condições que o Pingo Doce impuser.

Os gatunos distribuem o pão por metade do preço,
mas só se o total de compras for o dobro...
As "forças da ordem", gorilas de segunda geração,
asseguram o interesse do Pingo Doce,
e protegem o assalto à nação já espoliada e empobrecida.

Os gatunos defendem a "livre concorrência",
defendem "menos regras e menos estado",
defendem a liberdade dos mais fortes (mais ricos)
para impunemente roubarem os mais fracos (mais pobres).

Os gatunos governam o país.
Por isso, em tempo de crise, é da sua competência
adoptar políticas para melhor roubar
este bom e dócil povo, cada vez mais pobre.

Talvez
no próximo dumping do Pingo Doce
este bom e dócil povo,
governado por ladrões,
desempregado e arruinado,
carregado de taxas e impostos,
talvez este povo leve para casa
os bens de primeira necessidade
que precisa para sobreviver
o leite para os filhos
o pão para a boca,
...
sem pagar.

Anónimo disse...

Provocador!
Miserável!
Porco!
Canalha!
Aldrabão!
Chantagista!
Criminoso!
Monte de bosta!
... é assim, tarde na noite e de improviso, o que me ocorre chamar ao patrão da cadeia Pingo Doce, autor desta provocação asquerosa. Feita, demagogicamente, para justificar o trabalho no 1º de maio, mas sendo na realidade um gozo arrogante e prepotente para com os direitos dos trabalhadores e um profundo desrespeito para com a dignidade humana, as necessidades e a miséria de muitos dos seus clientes.
Mostrando afinal que, na melhor das hipóteses, anda a cobrar cerca de cinquenta por cento a mais nos preços dos seus produtos, produtos que vai extorquir aos produtores, a preços de miséria.
Ou alguém acredita que o refinado bandalho perdeu dinheiro com esta operação?

Anónimo disse...

Tinha pensado não falar mais sobre a vergonhosa campanha orquestrada pelo Pingo Doce no 1º de Maio, que procurou transformar o Dia do Trabalhador no dia do consumidor.
Aceitou vender tudo a metade do preço para ter as lojas a abarrotar e criou as condições para a violência do desespero nestes tempos em que a pobreza alastra.
Apelou ao pior de cada um e com isso trazer ao de cima o irracional que existe em todos nós.
Lutas por um sabonete ou um pacote de bolachas que provavelmente nem fazia muita falta a ninguém. Policias, conflitos, confusão e desespero para uns e alegria vitoriosa de quem conseguia sair ileso com um carrinho cheio de compras.
Como disse no principio tinha pensado não referir mais este assunto pois há muito que já deixei de consumir ou respeitar o Merceeiro com sede fiscal na Holanda, mas ouvir um orgulhoso gestor, ou chefe ou qualquer coisa do Grupo Pingo Doce a fazer-se santinho, a falar de tudo isto como se a data do 1º de Maio fosse um acaso, tinha de ser no dia 1 porque é quando as pessoas fazem as compras do Mês, porque as pessoas não compram no dia 30 nem no dia 2, só compram no dia um, que tudo foi feito só para ajudar os seus clientes, que foi uma acção de ajuda social, fazendo inveja a qualquer Madre Teresa de Calcutá, meteu-me nojo.
Nem vergonha têm na cara.

L.L. disse...

A promoção dos supermercados do grupo Jerónimo Martins neste 1º de Maio foi uma provocação motivada por interesses de classe. Um dos maiores grupos capitalistas do país não se ralou nada de perder algum dinheiro (para eles não é perda, é investimento) para destruir uma conquista dos trabalhadores: o direito de não trabalharem, e de receberem o dia, no feriado do 1º de Maio, o dia internacional dos trabalhadores.

Para executar esse ato de agressão, usaram uma arma que não é nova: aproveitaram-se das dificuldades sofridas por setores da população para virá-los contra os direitos dos seus próprios funcionários e contra aqueles que os defendiam, nomeadamente os sindicatos e os cidadãos que tinham apelado ao boicote às compras nesse dia.

A manobra tem a marca dos métodos de classe patronal e é usada desde os primórdios do capitalismo selvagem. Nos tempos em que o direito de greve não estava minimamente regulamentado, os patrões recrutavam batalhões de fura-greves entre os desempregados. Desesperados, sem meios de subsistência, estes trabalhadores muitas vezes prestavam-se à quebra de solidariedade com os grevistas, em troca de uns trocos pagos por aquele dia de trabalho a furar a greve. Os grevistas desprezavam-nos; mas a melhor resolução deste dilema, a longo prazo, foi regulamentar a lei da greve e proibir os fura-greves. A proibição dos fura-greves é uma conquista dos trabalhadores, conseguida à custa de muitos piquetes de greve, de muitos confrontos com a polícia e os seguranças patronais, de muitas recolhas de fundo de greve. Os capitalistas acabaram por ser forçados a engolir o direito de greve, mas não perderão nunca uma oportunidade desafiá-lo e de pô-lo em causa. A isto, por muito que haja quem considere este termo ultrapassado, chama-se luta de classes.

A promoção do Pingo Doce seguiu exatamente o mesmo método: quis garantir que todos os seus funcionários iam trabalhar no feriado; ao mesmo tempo, derrotar todos os que tinham apelado ao boicote às compras nas suas lojas naquele dia. Para isso, aproveitou-se das dificuldades que atravessam largas camadas da população trabalhadora, e até de pequenos empresários, que invadiram as suas lojas para comprar, comprar, comprar. Um desconto de 50% não é desprezível para quem tem um orçamento apertado; não é desprezível para ninguém.

O sr. Alexandre Soares dos Santos deu uma boa demonstração de consciência de classe – da sua classe, a dos capitalistas. Mostrou que esta classe está perfeitamente sintonizada com o governo (onde está a proibição do evidente dumping?). E que capitalistas e governo estão empenhados em destruir todas os direitos conquistados, na sua maioria, com o 25 de Abril. Sejam eles o direito a gozar os feriados, a ter subsídio de desemprego, a ter contratos trabalho, e um longo etc..

Alguns comentadores maravilham-se com a “brilhante jogada de marketing”. Seria risível, se não fosse triste. Foi de tal maneira evidente a manobra dos donos do Pingo Doce, que chega a ser confrangedor ouvir estas “opiniões” e outros dislates sobre a “sociedade de consumo”. Quem foi ao Pingo Doce neste 1º de Maio não comprou Ipads, telemóveis, plasmas, Mercedes, até porque não estavam à venda. Comprou comida.

Quanto ao resultado do marketing, desconfio que foi negativo. Mas estes senhores não se preocupam muito com isso. O marketing da sua fuga aos impostos para a Holanda também foi negativo. Mas sempre haverá a Fundação Francisco Manuel dos Santos para explicar “cientificamente” que o grupo que a financia é muito correto, dinâmico e moderno – e que está ao serviço de uma sociedade de “concertação”, onde “não há lugar para luta de classes” – esse termo “fora de moda”. Pois

Anónimo disse...

Anatomia de um golpe

Contado, toda a gente acredita: o Pingo Doce dá um super-desconto, a população adere em massa, é um golpe genial. Visto, é inacreditável: uma turba faminta amotina-se, espanca-se, enlouquece, encena uma pilhagem sórdida. É uma miséria de marketing. É um marketing da miséria. "O balanço é positivo, considerando-se a acção como conseguida".

Primeiro, o acessório: este 1º de Maio alterou o equilíbrio na distribuição em Portugal. Este não foi um episódio único, foi uma afirmação de poder da Jerónimo, que vem perdendo para as estratégias agressivas de descontos da concorrência. O Continente chega aos 75% em certos produtos e horas; o Lidl está a quebrar 33%; o Pingo Doce entrou no jogo em grande estilo. Arrumou o assunto com uma bomba de neutrões. Pôs o país a falar disso.

...Continua...

Anónimo disse...

...continuação...
Arruinou o mês à concorrência. E fê-lo provavelmente perdendo dinheiro, o que significaria que comprou mercado.

Dar um desconto de 50% num cabaz significa ter uma margem média de 100% para ganhar dinheiro. Margens médias de 100% na distribuição são como manadas de gazelas na Atlântida, não existem. Dir-se-á: e os clientes com isso? É concorrência e a concorrência é linda. Pois, mas esta é feia. Porque se é abaixo de custo, a do Pingo Doce ou a do Continente, não é concorrência, é anti-concorrência. É destruir concorrentes que não suportam predações. É aniquilar fornecedores que as subsidiam.

A distribuição não é para meninos. É um negócio de margens reduzidas, negociações complexas, de um conhecimento quase doentio dos hábitos dos clientes. Fazem-se promoções ao meio-dia porque quem está com fome compra mais. Perfuma-se o ambiente com pão quente porque se vende mais. Dispõe-se os alhos ao pé dos bugalhos, nivela-se as prateleiras pela criançada, desnivela-se a iluminação entre dois corredores, puxa-se o lustro à fruta. É assim. E a Jerónimo Martins é o melhor grupo português a fazê-lo. É a empresa mais valiosa em Bolsa. Vale mais que a Galp.

Agora, o Pingo Doce inicia uma mudança estratégica. Esta é uma campanha de "hard discount", um posicionamento mais "baixo" do que o actual desta cadeia. É por isso que esta operação não tem a mão de Alexandre, o patriarca, mas de Pedro, o sucessor, que carrega uma década de grande sucesso deste modelo na Polónia. Esta é a afirmação, surpreendente e bombástica, da sua gestão. Vem aí mais disto. "Hard discount" quer dizer desconto duro. Assim será: duro. Vale tudo menos arrancar olhos?

Também vale arrancar olhos. Assim foi neste 1º de Maio. Cenas lúgubres em todo o país. Os gestores viram um livro de marketing a ser implementado. Os economistas viram um livro com curvas de oferta e procura. Os juristas viram um livro de direito da concorrência. Eu vi um livro de Saramago a escrever-se sozinho.

Já foi escrito: a reacção dos clientes é racional, nada a apontar. Faltou escrever: quem organizou o circo romano sabia ao que ia. E orgulhou-se no dia seguinte. Ficámos a saber como está o país. A violência que não se vê nas manifestações de rua comprime-se no afã vidrado de uma fila de supermercado.

Esta não é uma questão entre direita e esquerda, entre idiotas e ideólogos, entre moralistas e pragmáticos, não é distracção, não se compara com saldos de trapos nem com liquidações de livros. Porque nenhuma dessas promoções provoca estes tumultos descontrolados. Talvez só uma oferta de gasolinas produzisse a mesma loucura.

Numa entrevista notável, a Teresa de Sousa, publicada no Público este domingo, Rob Riemen, que não tem medo de falar de fascismo, afirma: "O espírito da democracia quer dizer que a verdadeira democracia é o oposto da democracia de massas." Riemen refere-se a Tocqueville ou a Gasset. "Ou Espinosa, para quem uma verdadeira democracia significa que somos mais do que indivíduos, aspiramos a ser pessoas de carácter, que não somos apenas motivados pelo medo, pela ganância, pela estupidez, mas capazes de um pensamento e de escolhas".

...continua...

Anónimo disse...

...continuação...

Acicatar a voragem desumana, como se viu neste Maio, não faz parte dos valores que Alexandre Soares dos Santos construiu. De defesa de salários dignos, de criação de postos de trabalho, de assistência social aos funcionários em dificuldades. Nem serão os valores de Isabel Jonet, que gere no Banco Alimentar situações de pobreza extrema com tacto social e dignidade individual. Isto é uma manifestação de poder autoritário.

Disse Frei Fernando Ventura, nessa noite, na SIC Notícias: "Quando vi as imagens do Pingo Doce, fiquei triste e alarmado. Vi isto na Venezuela, com o Chavez, exactamente o mesmo tipo de reacção. Fiquei com esta imagem como um ícone, ou como um contra ícone, uma mensagem de sinal contrário daquilo que é uma das urgências a descobrir hoje". E disse mais: "Nós, em alguns arroubos místico-gasosos, ficamos muito alarmados e muito agitados interiormente com a multiplicação dos pães e dos peixes. Se nós percebêssemos o que está ali (…). Só houve multiplicação porque houve divisão. A solução tem que passar por aqui: é preciso dividir para multiplicar e é preciso somar sem subtrair nada a ninguém. O segredo está aqui. A chave está aqui. E por aqui pode construir-se a esperança. Por aqui pode criar-se redes de relações, por aqui pode dizer-se às pessoas que a esperança é possível. É preciso organizar esta esperança."

Para o Pingo Doce, os descontos do 1º de Maio terão sido um golpe de marketing ou um anúncio de uma nova estratégia. Mas para os portugueses, que reviram um país negado e renegado, foi mais do que isso. Foi uma humilhação. Como no "Rei Lear", de Shakespeare: "Esta é a praga deste tempo, quando os loucos guiam os cegos".

Pedro Santos Guerreiro
No:
Jornal de Negócios
03-Maio-2012

JUM disse...

Os traques do merceeiro cheirarão assim tão bem?

É um fenómeno muito português, alguém poderoso e com muito dinheiro dá um traque e aparece logo uma procissão de comentadores, opinion makers, sociólogos, cientistas políticos, jornalistas e políticos menores elogiar o gesto ousado do senhor, garantindo aos portugueses que os puns desses grandes empresários cheios de massa até cheiram bem. Se fossem cavalgaduras dir-se-ia que tanta excitação se deve a ter-lhes cheirado a palha.

É delicioso ver alguns dos nossos liberais a elogiar o gesto do merceeiro holandês não questionando se a trapalhada por ele montada é uma prática aceitável enquanto concorrência. Enquanto o pessoal andava à trolha nas lojas do Pingo Doce os nossos liberais da treta sentiram um orgasmo colectivo, o seu guru tinha infligido uma pesada derrota aos sindicatos e feito vergar os seus trabalhadores a troco de dinheiro. Depressa chegaram à conclusão que já não à trabalhadores com fidelidade ideológica, são como as putas, para se venderem é apenas uma questão de preço. Ver um povo sujeito a uma política de austeridade brutal correr a aproveitar descontos de 50% e trabalhadores do Pingo Doce a aceitarem trabalhar num feriado a troco de uma gorjeta e com receio da vingança do patrão pois na sua esmagadora maioria são trabalhadores precários ou com medo de o ser deixou essa gente miserável mais feliz do que depois de uma orgasmo com as esposas e namoradas.

...

JUM disse...

...
Mas terá sido um gesto muito leal da parte do merceeiro holandês? Há um ano a associação das empresas de distribuição decidiu abrir as grandes superfícies, algumas das empresas de distribuição enfrentaram os sindicatos e conseguiram impor o seu desejo, era questionável mas acabou por ser pacífico, as redes que quiseram abrir fizeram-no sem incidentes. No segundo ano o merceeiro holandês aproveita-se desta suposta luta e dá um golpe baixo na concorrência, deixando as suas lojas às moscas. Não admira que o merceeiro holandês tenha divulgado a acção na véspera recorrendo a truques de comunicação, ampliou o impacto e impediu a concorrência de reagir, um ano depois de se ter junto aos parceiros para abrir no dia 1.º de Maio o merceeiro holandês decidiu que só as suas lojas beneficiariam da abertura das portas no feriado. O golpe baixo não foi dado nos sindicatos, as suas vítimas foi a concorrência, os parceiros que impuseram a abertura das lojas no 1.º de Maio, o que os nossos liberais elogiam não é a vitória sobre os sindicalistas esquerdistas, é a falta de lealdade do merceeiro holandês com os seus parceiros.

Para os nossos liberais de pacotilha a manobra comercial foi brilhante, deu cabo da esquerda, dos sindicatos e de um feriado que a extrema-direita, incluindo a que se costuma disfarçar de liberal, odeia.

Só que os concorrentes do merceeiro holandês não são a CGTP, a UGT ou o sindicato dos empregados do comércio, os seus conorrentes são o Lidl, o Continente, o Minipreço ou o Jumbo, é a estes que o Pingo Doce quer roubar clientes e não aos sindicalistas. O merceeiro holandês não é nenhuma Madre Teresa de Lisboa, está à frente de uma empresa cotada na bolsa e deve responder perante os seus accionistas.

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JUM disse...

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O merceeiro holandês está-se nas tintas para o 1.º de Maio, se isso lhe desse lucro até fechava no feriado e sugeria que houvessem dois dias do trabalhador. O que o merceeiro holandês pretendeu foi roubar clientes ao Continente, fazer frente à fidelização de clientes conseguida com o Cartão Continente, superar a estratégia falhada dos descontos sem cartão em que gastou milhões em publicidade. O merceeiro não é nenhum benemérito (só o se o for para o António Barreto) é um comerciante e enquanto tal sabe muito bem que os seus concorrentes não são os sindicalistas, o líder do BE ou os comentadores da bancada da esquerda do Expresso. É também lider de uma empresa cotada na bolsa e sabe que tem de garantir lucros aos accionistas, se baixou os preços só pode manter esses lucros fazendo baixar o custo dos produtos.

Portanto de nada serve aos nossos distintos sociólogos ou opinion makers de pacotilha darem graxa ao merceeiro dizendo-lhe que os seus puns são para eles como o Channel n.º 5. O merceeiro holandês não deve ter tempo para ler e ouvir idiotas, líder de uma empresa que abre as suas lojas todos os dias até às tantas da noite, que conta com uma elevada percentagem de trabalhadores precários ou a trabalhar nas caixas a título precário e em regime de part-time está pouco preocupado com o 1.º de Maio ou com o 25 de Abri (o homem até pediu nacionalidade holandesa para o seu dinheiro), o que ele quer saber é se o seu golpe baixo roubou clientes ao Continente e sobre isso os nossos palermas dos jornais e da sociologia esqueceram-se de analisar..

O que todos estes merdas da comunicação social, especialistas na ciência da sabujice, ignoraram ou tentaram iludir foi que a manobra do merceeiro apenas demonstrou um aprofunda falta de respeito pelo país, não hesitou em correr o risco de ver as suas lojas destruídas para promover uma demonstração de que num país miserável como o nosso um ricaço sem escrúpulos pode promover um espectáculo miserável digno de um Burundi ou de uma Roménia nos últimos dias do regime de Ceausescu. Alguém vê um empresário espanhol, francês ou de qualquer outro país da Europa fazer uma coisa destas? Não, porque nesses países os empresários respeitam as leis, respeitam valores e princípios que nem sempre estão na lei e têm consideração pelos seus países.

O comportamento do Pingo Doce só mostra que o seu dono é um empresário miserável que merecia ter visto as suas lojas serem destruídas pela populaça e no fim ter sido atirado ao Tejo.

Zé Neves disse...

O fundo deste mal está em terem deixado semear Portugal de pingos-doce que, uma vez donos da distribuição se estão tornando autênticos "pingos-fel".
Esta miserável distribuição secou e matou tudo o que eram as forças-vivas de Lugarejos, Lugares, Sítios, Aldeias, Vilas e Cidades deste país, provocando o deserto de convívio e troca de opiniões sadias e sentidas sobre a vida e desenvolvimento desses locais.
E tudo sobre o pretexto de criar postos de trabalho, mas na realidade destruíam e destruíram muitos mais postos de trabalho de famílias inteiras para criar um posto de trabalho mal pago a raparigas que quase mijam nas cuecas por falta de tempo para ir ao WC.
Aos merceeiros e aos governos pingo-doce é que se devia fazê-los mijar pelas calças a baixo, quando gozam e humilham os necessitados a quem se lhes parte uma perna para depois lhes acenar caridosamente com uma muleta.

Joaquim disse...

E já agora, uma dúvida...
Sobre que valor vai o Pingo-Doce pagar IVA, sobre os 50% ou os 100%?