quinta-feira, 10 de junho de 2010

ISTO AINDA É PORTUGAL?

Para fazer avisos à navegação, andam por cá meia dúzia de gajos, entre os quais me incluo, modéstia à parte que, muitos antes do senhor Silva, já torciam o nariz quanto ao rumo traçado. E fizemo-lo de borla, sem assessores nem orçamentos de milhões, pagando da algibeira própria os meios nos quais expressámos receios e opiniões.

O presidente desta cambada tem a obrigação de falar grosso e corrigir os desmandos quando estes acontecem. 
Tem o poder de demitir quem não gere com rigor dinheiros públicos, quem não toma as decisões correctas para o bem comum, quem aparece misturado em estórias mal contadas de dinheiros tidos em parte incerta. 
É para isso que temos um presidente que nos custa mais do que a família real espanhola e uma enormidade de trolhas sentados na casa de putas de S. Bento, aos quais o senhor se deveria ter dirigido atempadamente, exigindo-lhes o desempenho das funções para as quais foram investidos.

Por isso senhor Silva, com todo o respeito que me merece a figura presidencial, vá para o caralho! 
A sua função (era) é, exacta e rigorosamente, a de evitar a situação que agora considera insustentável. 
Essa merda de dar palpites, e avisar para situações perigosas, é para qualquer um, não para o presidente de uma nação.

N.A.

5 comentários:

Anónimo disse...

Portugal um país de bananas, governado por grandes sacanas

K disse...

Ontem, Dia de Portugal, obviamente que não prestei muita atenção ao discurso do Sr. Silva. Nunca presto. Depois, ouvindo as noticias quase me arrependi tal a forma como falaram dele, como conspiraram e tentaram encontrar as guerrilhas nele escondido. Não que me pareça que tenha dito nada de útil e que tudo não passou de mais um discurso de campanha, mas pela coisa fantástica de um discurso onde tanto falou de cooperação e de não crispação ser ele mesmo uma albarda de farpas, um compendio de “Como criar a crispação para totós”. Penso que nem aquele fulaninho pequenino e verde do álbum “A algazarra” do Asterix faria melhor.

Tirando isso ficou ainda a fantástica frase, “"Como avisei na altura devida, chegámos a uma situação insustentável. Pela frente temos grandes trabalhos, enormes tarefas, inevitáveis sacrifícios". Ele avisou, ele disse, ele gritou e ninguém o ouviu. Não me lembro na altura, como agora também, de ouvir uma receita, um remédio que seja diferente daquele que nos enfiam agora pela goela abaixo. Não me lembro de o ter visto apontar o dedo ao sistema económico capitalista e global que arrasa países e continentes com o estalar de dedos. O que me lembro é de o ouvir sempre a dizer que os tempos são difíceis e que temos de aguentar e calar. Não é tempo para exigir mas de abdicar, não é tempo de protestar mas de vergar.

Segundo parece o mal não são os sacrifícios, o que está mal é que não estão suficientemente explicados. Pois eu gostava imenso de ouvir o Sr. Presidente a fazê-lo para ver se também é na Lei laboral, na falta de produtividade dos nossos trabalhadores e na segurança social que encontra os culpados. Ou iria dizer-nos que foi a ganância de alguns, as trafulhices de outros, alguns seus amigos e figuras predominantes dos seus governos, a corrupção na “moderna” banca que ajudou a nascer e crescer em Portugal no tempo das vacas gordas do dilúvio de fundos europeus.

Acabou por, perante a situação insustentável a que chegámos, pedir que os sacrifícios sejam justamente repartidos por todos. Aqui parece que até podia estar de acordo com ele, mas gostaria de saber se também defende que essa justiça passava por cobrar à banca um IRC de 25%, igual ao que se cobra a cada pequena empresa, em taxar produtos de luxo os imorais prémios de milhões dos administradores das grandes empresas com um imposto especial, por fazer pagar mais àqueles que realmente têm muito, por fazer pagar os culpados pela crise os prejuízos que causaram. Duvido que aqui estejamos de acordo e por isso os nossos “justamente repartidos” são diferentes. Muito diferentes

Anónimo disse...

Portugal tem dois Cavacos, o Cavaco Presidente da República e o Cavaco candidato a Presidente da República, o problema é que como o primeiro nunca mais diz que também é o segundo nunca sabemos qual deles está a falar. Isso foi evidente no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, a maioria dos comentadores, incluindo os que o apoiam activamente admitiram que o discurso oficial foi eleitoralista.

Qual dos dois Cavacos disse que a situação da economia era insustentável? O Cavaco candidato que quer provocar a erosão do primeiro-ministro sabendo que este apoiou a candidatura do Manuel Alegre ou o Cavaco Presidente da República que está preocupado com o país. É evidente que um Presidente da República abre portas para o diálogo, pratica a cooperação estratégica tantas vezes prometida, não tenta degradar a imagem do primeiro-ministro. Ao contrário, o candidato que pertence a uma área política diferente da do primeiro-ministro que não o quer ver reeleito aposta na erosão da imagem deste pois não só pretende ser reeleito como sonha com um governo do seu partido.

Qual dos dois Cavacos propõe um compromisso social, o Presidente ou o candidato? Se foi o Presidente que fez a proposta convidará sindicatos e associações empresarias a Belém para ouvir as suas opiniões e estimulá-los ao diálogo, algo que seria melhor compreendido do que quando chamou a Belém um conhecido latifundiário do PSD para lhe falar sobre as supostas pressões sobre os investigadores do caso Freeport. Em vez disso, um candidato faz o apelo vago, promove a sua imagem de unificador nacional para depois dizer aos jornalistas que não se pode pronunciar sobre nada, designadamente, sobre reuniões entre sindicatos e associações profissionais.

Se um Cavaco que afirma a importância das forças armadas e a necessidade de investir no seu equipamento se porta como um Presidente, o Cavaco que uns dias antes apela aos portugueses para passarem férias em Portugal para combater o endividamento externo não pode ser o mesmo, é o Cavaco candidato, a não ser que esteja a apelar aos portugueses que ficarem no país para poder haver dinheiro para metralhadoras.

É evidente que não se espera que um Presidente da República diga no momento em que toma posse que vai ser candidato daí a cinco anos, até se poderá compreender que retarde o mais possível essa comunicação para assegurar a sua isenção no desempenho do cargo, apesar de todos os portugueses saberem qual é a sua intenção. Mas nesse caso deve exercer o cargo com total isenção e não promover as suspeitas que supostamente quer evitar comunicando a sua decisão.

Anónimo disse...

Só que é cada vez mais evidente que Cavaco Silva está a adiar a divulgação da sua decisão para usar o resguardo do cargo que exerce para promover uma candidatura protegida pela dignidade do estatuto de Presidente da República, dignidade que é um importante capital acumulado por aqueles que o antecederam e exerceram o cargo com mais brio e competência. Desta forma o Cavaco Presidente dá as bicadas aos adversários e manipula a opinião pública sem que os seus adversários lhe possam responder na mesma moeda pois estarão a ofender Sua Excelência o Presidente da República Portuguesa cuja boa imagem até é protegida pelo artigo 328.º do Código Penal, que prevê penas de prisão até 3 anos para quem injuriar ou difamar o Presidente da República. E em Portugal toda a gente sabe que para alguém se sentir injuriado basta que lhe digam algo mais do que bom dia. Isto é, se um dos outros candidatos questionar Cavaco Silva pelos seus negócios com acções da SLN arrisca-se a fazer campanha no Estabelecimento Prisional de Lisboa.

Não se pode acusar um Presidente da República de estar em vantagem numa futura disputa eleitoral, mas isso obriga a que o Presidente se abstenha de intervenções que visem mais objectivos eleitorais do que objectivos nacionais. A maioria dos comentadores foram unânimes em afirmar que o discurso oficial de Cavaco Silva visou objectivos eleitorais e se assim foi estamos perante uma situação grave, tanto mais grave porque foi um discurso feito precisamente no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Anónimo disse...

Cavaco a pelou hoje à “repartição justa dos sacrifícios” e à coesão. Claro que sim. Cavaco sabe que faz política num país amnésico. É que os governos de Cavaco coincidiram com a manutenção de elevadas taxas de pobreza e com um assinalável aumento, que nunca mais foi revertido, das desigualdades de rendimentos. É o que indica a investigação sobre este assunto. É a essência da economia política e moral do cavaquismo: um guião de políticas liberais, que os governos seguintes não reverteram, ampliou a fractura social e acentuou a inserção internacional dependente. Vale ainda a pena assinalar a hipocrisia de um Presidente que apoia os desastrosos PEC, os existentes e os futuros, e que substituiu, no Conselho de Estado, o seu amigo Dias Loureiro por um dos economistas, Vítor Bento, que tem defendido insensatamente cortes pronunciados nos salários. De resto, condecorar o economista João Salgueiro com a Ordem de Cristo, certamente por serviços prestados à banca, de cujo lobby foi durante anos a fio um empenhado dirigente, é todo um programa…